sábado, 20 de novembro de 2010

Ação dos Radicais livres e Patologias Decorrentes

- Os Radicais livres (RLs) são instáveis e muitas vezes nocivos para as estruturas celulares, modificando o metabolismo da célula. Tais alterações podem ocasionar morte celular e várias patologias. Veremos a seguir a ação dos radicais livres em deteeminados componentes celulares e citaremos alguns mecanismos e doenças que serão aprofundados em outras postagens.

Radicais Livres e Proteínas

Os radicais livres provocam desnaturação, inativação e polimerização das proteínas, alterando o metabolismo celular. Por possuírem muitos sítios reativos, as proteínas podem ser atacadas por radicais de diversas maneiras. A suscetibilidade das proteínas serem atacadas pelos RLs depende da posição, da importância dos aminoácidos e dos elementos suscetíveis que as compõem.

Proteínas que contem sítios de ligação com metais podem sofrer digestão proteolítica, pois são suscetíveis as reações de redução e oxidação, que podem produzir seqüências de sinais reconhecidas por determinadas proteases celulares.

Proteínas que possuem o grupo sulfidrila (SH), como as proteínas de transporte e enzimas celulares, estão expostas aos ataques dos radicais, pois esse grupo em resíduo de cisteína pode ser oxidado a dissulfeto ou a ácidos cistéico, podendo ser novamente reduzido.

Proteínas com aminoácido metionina, que pode sofrer alteração reversível a sulfóxido ou sulfona.

Radicais Livres e os Lipídios

Os radicais hidroxila, alcoxila e peroxila entre outros atuam oxidando componentes lipídicos da membrana, principalmente os insaturados, dando início a uma reação em cadeia, que provoca a formação de peróxidos lipídicos. Essa ação é conhecida como peroxidação lipídica e será descrita detalhadamente em outra postagem devido a sua grande importância para o estudo dos radicais livres. O efeito dos radicais livres nos lipídios produz conseqüências para as membranas plasmática e intracelular, assim como para todas as organelas membranosas. As principais serão listadas abaixo.

Membranas Plasmáticas: As deficiências na membrana ocasionadas pelos RLs levam a um transtorno de permeabilidade, perdendo a seletividade para a entrada e saída de nutrientes e outras substâncias. Ações desagregadoras sobre microtúbulos e microfilamentos também geram problemas funcionais na membrana.

Lisossomos: Alterações de sua membrana levam ao escape de enzimas digestivas, que atingem sem distinção os componentes celulares, provocando a morte celular.

Mitocôndrias: Lesões membranárias nas mitocôndrias acarretam na redução da produção de ATP e na perda significativa do poder respiratório, diminuindo a capacidade de reduzir com eficiência o oxigênio.

Outras Organelas Membranosas: Os danos causados pelos radicais livres às membranas, geralmente, produzem transtornos na compartimentalização de funções específicas e no intercâmbio entre compartimentos.

Radicais Livres e os Açucares (CHOH)n

O radical hidroxila (-OH) reage com o açúcar extraindo um átomo de hidrogênio (H) de um dos átomos de carbono (C). Esse processo leva a formação de um radical centrado de carbono, ocasionando a quebra de cadeias moleculares importantes, a exemplo do ácido hialurônico.

Radicais Livres e os Ácidos Nucléicos

As Espécies reativas de oxigênio (EROs) e alguns radicais atuam na perda e na alteração do DNA, devido a sua participação em reações com os ácidos nucléicos. ERO e o radical hidroxila (-OH) atacam tanto as bases nitrogenadas quanto a desoxirribose. Esse processo pode resultar na quebra da cadeia, no cruzamento das fitas, na mudança de bases, levando a mutações ou apoptoses. As mutações podem ocorrer em células germinativas e em células somáticas. Alguns genes quando sofrem mutações podem dá origem a um câncer.

Patologias

Os radicais livres, ao produzirem diversas alterações celulares, provocam o surgimento de várias patologias, as quais serão abordadas profundamente durante a produção do blog. Nesta postagem será feita uma relação entre os radicais e algumas doenças decorrentes de seus efeitos.

Falha ou Consumo excessivo de antioxidantes:

Aterosclerose, Síndrome de Down, Doença de Keshan, Kwashiorkor, Síndrome de Bloom.

Transferência de elétrons ao oxigênio por metais de transição:

Hemocromatose idiopática, anemia falciforme, talassemia, doença de Wilson.

Produção de Oxigênio por NADPH/NADP oxidase:

Hipertensão arterial sistêmica

Outras doenças:

Câncer, isquemia por reperfusão, envelhecimento, catarata, enfisema, doença de Parkinson, artrite, diabete.

Referências:

OLSZEWER, Efrain. Radicais livres em Medicina. São Paulo: Fundo Editorial Byk, 1992.

TOKARSKI, Rogério. Anti Radicais Livres: Melhor Qualidade de Vida. Brasília: Farmacotécnica.

VASCONCELOS, Sandra Mary Lima; GOULART, Marília Oliveira Fonseca; Moura, José Benedito de França; MANFREDINI, Vanusa; BENFATO, Mara da Silveira e KUBOTA, Lauro Tatsuo. Espécies Reativas de Oxigênio e de Nitrogênio, Antioxidantes e Marcadores de Dano Oxidativo em Sangue Humano: Principais Métodos Analíticos para sua Determinação. Quim. Nova, Vol. 30, No. 5, 1323-1338, 2007. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n5/a46v30n5.pdf

YOKAICHIYA, Daniela Kiyoko; GALEMBECK, Eduardo e BAPTISTA, Bayardo. Radicais Livres. Disponível em:

http://www.bdc.ib.unicamp.br/rbebbm/visualizarMaterial.php?idMaterial=76


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