segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Radicais Livres – Fontes Endógenas

- De onde vem, como aparecem esses radicais livres? Talvez vocês leitores estejam se perguntando, pois afinal dissemos quem são e até de certa forma como combatê-los com os antioxidantes. Mas de porque chegam até nós e como?

Os radicais livres tem duas principais fontes a exógena e a endógena. Hoje trataremos das fontes endógenas e em uma outra postagem vocês terão conhecimentos sobre as fontes exógenas, mas para se ter uma noção fontes exógenas tratam – se dos próprios alimentos, cigarro e álcool.

Mas a abordagem são as fontes endógenas.

O incrível é que todos, até mesmo sem muito conhecimento, tentam evitar os radicais livres, pois sabem que estão relacionados com o envelhecimento. Mas nem todos sabem que pra vivermos precisamos respirar e este processo, a nível celular, é uma das maiores fontes de produção de radicais livres em nossas células.

Quando inspiramos o gás oxigênio, pela hematose1, chega aos nossos vasos sanguíneos que o leva até as células. É nas células que tudo acontece. De forma simplificada, no citoplasma da célula ocorre uma via metabólica chamada glicólise (lise=quebra; quebra da glicose) que a partir da glicose(carboidrato produzido na fotossíntese e adquirido pelos alimentos) e através de várias reações é produzido duas moléculas de piruvato. Há liberação de dois átomos de hidrogênio que são capturados pelo NAD+(Nicotinamida-Adenina-Dinucleotídeo) um aceptor de elétrons, que fica na forma de NADH. Após a glicólise, o piruvato entra na mitocôndria e na matriz mitocondrial sofre uma oxidação e se transforma em acetil-CoA.

A segunda etapa da respiração é o ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico, que é uma série de reações onde o ácido cítrico é será consumido e se produzirá gás carbônico e NADH e FADH2 (outro aceptor de elétrons chamado Flavina-Adenina-Dinucleotídeo). A fase final da respiração, que será essa fase a mais importante para nosso estudo, chamada de fosforilação oxidativa ou cadeia respiratória é onde o NADH e o FADH2 doaram os elétrons para o aceptor final de elétrons o gás oxigênio - O2 – que é reduzido a água:

2H+ + 1/2O2 → H2O


Detalhadamente o NADH e o FADH2 liberam seus elétrons para uma proteína desidrogenase que bombeia um átomo de hidrogênio para o espaço intermembranar2 e os elétrons são transferidos pra uma proteína carregadora que levará os elétrons a uma segunda proteína (citocromo b-c1) que doará um elétron por vez ao citocromo c que leva esse oxigênio a última proteína que é a citocromo oxidase, onde esses elétrons reduziram o oxigênio e haverá formação de água.

É nesse momento em que acontece a produção de um dos tipos de radicais livres o ânion-radical-superóxido (O2). 98% do oxigênio é transformado em água e o que acontece com os outros 2%? A mitocôndria libera elétrons que são rapidamente capturados por esses 2% de moléculas de oxigênio, este agora com um elétron em sua eletrosfera é o radical livre superóxido.

A boa notícia é que temos uma enzima que ajuda a diminuir essa quantidade de radicais livres em nossas células: a superóxido dismutase que doa elétrons ao superóxido que reagira com o hidrogênio formando água oxigenada que é transformada em água e oxigênio pela enzima peroxidase. Talvez não tão boa assim, pois se esse peróxido reagir com mais um elétron poderá produzir hidroxila e o radical hidroxila que é considerado mais reativo que o radical superóxido.

No corpo humano ainda há outras fontes de produção de radicais livres sem ser a respiração.

Durante a ação dos leucócitos, para montar as substâncias bactericidas há a formação de radicais livres, principalmente o ânion superóxido e o radical hidroxila.

Usando o oxigênio e o NADPH existe a produção do ânion superóxido que receberá elétrons e formará o peróxido de hidrogênio-H2O2 (água oxigenada). Parte desse peróxido reagirá com o íon Fe+2 produzindo uma hidroxila e o radical livre hidroxila. Uma outra parte reage com o ânion cloreto gerando o ânion hipoclorito e água. O bactericida será formado pela ação desses reagentes juntamente com o peróxido de hidrogênio que não reagiu (Esquema detalhado ao lado). Este processo envolvendo os leucócitos estão envolvidos com a resposta inflamatória.

Durante a fagocitose há liberação de EROs (Espécies Reativas de Oxigênio) e radicais livres como: H2O2, OH, O2, NOentre outros. Essa liberação é para danificar o invasor celular.

Estes são alguns dos diversos meios de produção ou liberação de radicais livres e espécies reativas dentro do nosso próprio organismo. Em uma próxima postagem abordaremos as fontes exógenas, demonstrando como os RLs chegam até nós.


1- Hematose: troca gasosa, nos capilares sanguíneos, onde o CO2 vai para s alvéolos e o O2 vai para a corrente sanguínea.

2- Espaço intermembranar: Espaço entre a membrana externa da mitocôndria e a membrana interna da mesma;











Quem não conseguir ver aqui pode acessar no site pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=md6JdC98dTU

Referências:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mitocondrias/respiracao-celular.php

bioquimica.ufcspa.edu.br/pg2/pgs/medicina/links/seminarios20052/RADICAIS%20LIVRES.ppt

OLSZEWER, Efrain. Radicais livres em Medicina. São Paulo: Fundo Editorial Byk, 1992.

bioquimica.ufcspa.edu.br/seminario/radicaislivresgeovana.pdf

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