quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Principais Doenças relacionadas ao Ferro

Quando ouvimos falar  em doença causada pelo ferro, logo nos vem à cabeça: anemia. O que é explicável, por exemplo, pelo fato de aproximadamente 62% das crianças brasileiras até 3 anos de idade sofrerem com a deficiência de ferro e, segundo a OMS, de 600 a 700 milhões de pessoas no mundo todo.
A anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais – zinco, vitamina B12, algumas proteínas e o ferro-, seja qual for a causa dessa deficiência – que pode ser a produção deficiente de glóbulos vermelhos, a destruição excessiva dos mesmos, a perda sanguínea ou condição biológica que demande por maiores quantidades de ferro como gravidez e crescimento.
Segundo LORENZI (2003), a anemia ferropriva incide preferentemente nas mulheres em idade fértil e em crianças - uma vez que é nessa fase em que ocorre um crescimento mais acelerado, necessitando, portanto, de maiores quantidades de ferro -, sendo mais rara em homens. O ferro é armazenado sob a forma de ferritina e hemossiderina (já consideradas no outro “post” sobre o ferro). Nos homens, existem 600- 1200 mg de ferro estocado, enquanto nas mulheres esta reserva é de 100-400 mg. Daí a maior incidência de anemia ferropriva no sexo feminino. Independentemente da idade e sexo do indivíduo, uma carência de ferro conduz a um decréscimo do limiar da dor, interfere no mecanismo de controle da temperatura corporal, aumenta a queda de cabelo e vulnerabiliza o sistema imunológico, tornando o indivíduo mais susceptível a infecções.
 
Alguns dos sintomas da anemia ferropriva são:
·        Palidez da pele e mucosas
·        Tonteiras
·        Palpitações
·        Dor de cabeça
·        Irritabilidade
·        Fraqueza
·        Fadiga generalizada
·        Falta de apetite
· Dificuldade no aprendizado e apatia (principalmente em crianças)

Fatores Inibidores da absorção do ferro
·        Ácido Tânico, presente no chá verde, no chá preto, no abacate, vinho e leguminosas
·        Ácido Fítico, presente em grãos de cereais (trigo, aveia, arroz integral, farelo de trigo e soja não fermentada) e leguminosas
·        Ácido Oxálico, presente em farelos de cereais, ruibarbo, espinafre, beterraba, tomate, chocolate, feijões (!), acelga, couve, alface, maçã
·        Fosfatos, presentes principalmente nos refrigerantes
·        Cálcio, que inibe por “competição” por absorção, presente em leites, queijos, coalhadas e iogurtes

Fatores Estimulantes da absorção do ferro
·        Vitamina C, para a absorção do ferro não-heme, devendo estar presente na mesma refeição que a fonte de ferro. Pode ser encontrado em: acerola, laranja, tangerina, cereja, couve, taioba, agrião, repolho e pimentão

O tratamento é feito a partir de medicamentos a base de ferro aliados a prescrição dietética com o objetivo de reparar o déficit de hemoglobina e repor as reservas de ferro. No caso do Brasil alguns alimentos já foram fortificados com o mineral segundo orientação da FAO, ligada à OMS, para o combate à deficiência de ferro: o leite, a farinha de trigo , cereais matinais, ahocolatados , biscoitos , fórmulas lácteas , mistura de mingal.
 O uso concomitante de vários alimentos fortificados com ferro pode ser prejudicial a saúde, uma vez que o excesso de ferro também o é.

Além da carência de ferro, outra condição patológica para o indivíduo se faz com o excesso de ferro. Apesar de imprescindível, o ferro é, como já mencionado, extremamente tóxico. A sua toxicidade é atribuída principalmente ao alto potencial de gerar radicais, que podem desencadear doenças como câncer e cardiopatias. Para evitar prejuízos à saúde a sua quantidade é controlada durante a absorção, o transporte e o armazenamento. A maioria das pessoas absorve somente a quantidade de ferro necessária para compensar as perdas diárias deste nutriente pelas fezes, suor, cabelos, descamação da pele e menstruação.
A mulher tem uma probabilidade  ainda menor de ter excesso de ferro antes da menopausa, pois a menstruação acaba eliminando ferro do organismo. Estudos mostram que doenças relacionadas ao estresse oxidativo (devido à presença e ação de radicais) são menos comuns em mulheres antes da menopausa do que em homens com a mesma idade, no entanto quando se compara ambos os sexos a partir dos 50 anos não se observa mais essa diferença. Além disso, quase não se fala em anemia em idosos, pois com o decorrer dos anos o organismo aumenta o armazenamento de ferro e a deficiência se torna cada vez mais difícil.
Porém, apesar do meticuloso controle do ferro, uma parcela da população tem pré-disposição genética para o armazenamento corporal excessivo de ferro. Essa condição é chamada de hemossiderose ou hemocromatose e ocorre quando um defeito genético deixa de controlar a absorção de ferro intestinal. Quando há excesso crônico da oferta de ferro que ultrapasse a capacidade de armazenamento do organismo, o ferro combina-se com fosfatos e hidróxidos, formando a hemossiderina (agregados de ferritina, já explanados) que se deposita no fígado e no coração, tornando esses órgãos sobrecarregados e fisiologicamente alterados, podendo causar cirrose, cancro no fígado, insuficiência cardíaca, diabetes devido a danos no pâncreas, artrite por deposição de ferro nas articulações, hiperpigmentação da pele e a acumulação de ferro na hipófise. Entre outras causas, poderá facilitar a impotência sexual. Algumas destas patologias (cirrose e diabetes), uma vez instaladas, são irreversíveis, pois mesmo se tratadas a recuperação não é completa.
O tratamento envolve o emprego de quelantes de ferro - que são substâncias que impedem a absorção do ferro - e o controle alimentar. Assim, a redução de carne vermelha para 3 vezes na semana é uma medida importante, já que ela tem uma maior concentração de ferro. Comer alimentos ricos em ferro sempre associados com fibras também é uma forma de reduzir a absorção de ferro, pois as fibras se ligam ao ferro e impedem a sua absorção.
Um fato a se observar para essas pessoas é a fortificação de farinhas com ferro, uma medida adotada no Brasil desde junho de 2004 e que atinge não somente as pessoas com deficiência de ferro. Muitos estudos estão sendo realizados para avaliar o impacto da fortificação de farinha nas pessoas saudáveis, mas nenhum ainda foi concluído.

Fontes:


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